/magali/ - Magalichan III

O liberal brasileiro é, antes de mais nada, um prepúcio sebento.

A Alemanha produzindo impressora 3D, sonda submarina, softwares de aviação, sensores digitais, isso com um Estado forte, pesado, uma carga tributária altíssima, fazendo políticas de distribuição de renda e estado laico.

E o liberal brasileiro, falando que o Estado o oprime, batendo no peito pra falar que é empreendedor porque tem uma barraca de açaí, ou um food truck, isso pra não falar naquele dono de loja de departamentos orelhudo e careca, cabeça de piroca, que vende muamba e contrabando.

Esse beócio filho da puta que elegeu o Bostanazi, em vias de regra, acha que vai transformar o Brasil num país de ponta, que vai competir no mercado internacional com a Alemanha e os Estados Unidos, jogando leite condensado em cima de uma lama roxa batida no liquidificador com guaraná natural comprado no Mercadão de Madureira, ouvindo rádio de música gospel no talo, com uma bíblia debaixo do suvaco, gritando aleluia, fiscalizando o cu alheio e cortando todos os direitos dos seus funcionários, que tendem a ficar tão pobres que nem poderão consumir o próprio hamburguer e açaí que ele vende.

É este sapo de esgoto imbecil que quer livre mercado, laissez-faire, acordo bilateral e o raio que o parta com as potências tecnológicas, e que o Brasil mande uma grande banana para o Mercosul, o único mercado apto para comprar as quinquilharias e bugingangas de quinta categoria produzida pelo industrial brasileiro, que no geral é um miserável de alma, indolente, maldito, enfim, um dependente químico moral viciado em especulação. É este sociopata que acha que os Estados Unidos se desenvolveu com pequenos fazendeiros criando porcos e cebola.

Nada contra, absolutamente nada contra esses tipos de serviços, eu mesmo tenho vontade de abrir uma barraquinha podrão com maionese caseira e gordura pra tudo quanto é lado, nos moldes do Hot Dog do Luís, da Palhoça, e um boteco. Toda atividade econômica e produtiva é importante e gera empregos. Até porque neste país é mais fácil e próspero ser prostituto do que dar aulas. Mas é que esta caralha desta atividade econômica não vai transformar este galinheiro numa nação soberana.

Eu já tô ficando seboso, não quero nada da Havan e quejandas imundices, dentro da minha casa, por exemplo. Na minha casa lixo só sai, não entra.

Agora, o discurso vigente dentre as hostes de idiotas eleitores do Bostanazi neste país de banguelas e bundas-rachada é que, "ahhh, pode acabar com o Ministério do Trabalho, afinal, 13 milhões de desempregados e o que o M.T fez? Nada". Ora, as pessoas não sabem nem a atribuição do Ministério do Trabalho e se acham no direito de desfilar em público a sua estupidez.

O MT serve para mediar e fiscalizar as relações de trabalho do país, além de propor e forçar melhorias nas condições das mesmas.

Eu já passei da fase de ser didático e to entrando na fase do nojo, da repulsa e da intolerância...

E nem venha de pagodinho pra cima de mim que hoje eu tô 100% full senhoritaço.

1) O duplo Marx e o Marx esquecido

Minha leitura do marxismo é bem aderente àquela de Robert Kurz e do grupo alemão Krisis. Essa tese defende que a obra de Marx possui uma contradição interna que lhe percorre praticamente toda. De um lado, o Marx que, segundo Kurz, “parece adotar uma perspectiva ontológica do trabalho com a correspondente ética protestante, reivindicar a mais-valia não paga e querer substituir a propriedade privada dos meios de produção pela propriedade estatal”. De outro lado, ainda segundo Kurz, o Marx “descobridor do fetichismo social e crítico radical do trabalho abstrato e respectiva ética repressiva, que caracterizam o moderno sistema produtor de mercadorias”.

2) A escatologia do Marx da luta de classes

Não há dúvida de que o movimento comunista jogou para escanteio o segundo Marx, que faz a crítica à lógica da mercadoria, o Marx da teoria do valor, e ficou única e exclusivamente com o Marx da luta de classes.

3) A escatologia que nunca ocorreu

Ocorre que a escatologia da luta de classes nunca redundou em revolução. A revolução russa (a única que verdadeiramente surgiu como marxista) foi liderada por intelectuais das classes médias, numa Rússia que recém se industrializava. As demais revoluções ao longo do século XX aderiram ao marxismo como quem busca uma ideologia para se legitimar e jamais foram lideradas por proletários. As revoluções latino-americanas, por exemplo, foram todas anti-ianques, assim como as africanas foram de descolonização.

4) Relações capitalistas inter-estatais

Sem questionar a lógica da mercadoria, os Estados ditos comunistas sempre foram Estados capitalistas, quer seja na relação com seus cidadãos quer seja na relação com outros Estados.

5) Cuba: uma revolução anti-ianque

Cuba é uma pequena ilha do Caribe, próxima demais dos Estados Unidos, que lutou para se livrar do domínio espanhol para, ao final do século XIX, cair sob a dominação norte-americana, sendo transformada num cassino e bordel de luxo para a máfia estadunidense. Sua população vivia na miséria, sem acesso à moradia, escola e saúde. Sua revolução foi para se libertar dos Estados Unidos e a própria adesão ao comunismo soviético é posterior a 59 e surge na esteira da tentativa de invasão da Baía dos Porcos e da “lucha contra bandidos”, ambas fomentadas pela CIA. Nesse sentido, não causa estranheza que a propaganda oficial praticamente não recorra à Marx e Lenin, mas a Marti, Maceo e Bolívar, por exemplo.

6) Cuba: uma sociedade “oriental”

Cuba era uma sociedade do tipo “oriental”, na definição de Gramsci, onde a sociedade civil é inexistente ou embrionária. Em sociedades assim, é “mais fácil” chegar ao poder (já que se trata de realmente “tomar” o Estado), mas é muito mais difícil governar, já que não há mediações entre o Estado e o “povo”. O grande risco desse tipo de revolução é o bonapartismo, do qual o castrismo é um exemplar latino perfeito.

7) A dependência soviética

Cuba sofreu, até o fim dos anos 80, de uma forma particular de “doença holandesa”, com a produção de poucas commodities e a total dependência dos aportes soviéticos. Com o fim da URSS era inevitável que surgisse uma gigantesca crise social, como de fato ocorreu nos anos 90, naquilo que hoje é chamado de “período especial”.

8) O embargo norte-americano

O embargo norte-americano é um gesto criminoso e que não visa outra coisa a não ser fortalecer os antigos setores dominantes de Cuba, que hoje constituem um importante eleitorado conservador, especialmente na Flórida.

9) A ajuda venezuelana e chinesa

A superação do “período especial” só foi possível pela enorme injeção de recursos, patrocinada por Venezuela e China. Ou seja, novamente a sociedade cubana vive na dependência do apoio externo.

10) A questão da “democracia”

É perfeitamente compreensível que Cuba tenha apostado na fórmula do partido único e do controle total sobre a imprensa, a partir dos riscos concretos de uma contra-revolução patrocinada pelos Estados Unidos. Mas, a manutenção desse esquema no longo prazo gerou uma supressão da democracia que todo militante de esquerda tem a obrigação de criticar. Para qualquer um de nós, seria insuportável viver no esquema de eterna vigilância patrocinado, no âmbito de cada bairro, pelos Comitês de Defesa da Revolução (CDRs).

11) A classe dirigente do partido único

Dado o que comentei acima (as relações capitalistas não foram suprimidas) e a falta de democracia, era inevitável que surgisse uma burocracia que, ao mesmo tempo, controla o Estado e desfruta de regalias que não estão disponíveis para o restante da população. Em Cuba, uma parte considerável desses privilegiados têm origem nas forças armadas.

12) As conquistas

Em que pesem todas as minhas críticas, é fato que a revolução cubana logrou êxitos impressionantes, especialmente quando a comparamos com a sua situação antes de 1959 e com o estágio atual de vizinhos como Haiti, Jamaica e República Dominicana. Todas as crianças estão nas escolas, todos os cubanos (mesmo aqueles que vivem em regiões remotas) desfrutam de assistência médica de qualidade e gratuita e ninguém morre de fome. Pode parecer pouco para quem é classe média no Brasil, mas para boa parte da humanidade ainda constitui uma realidade distante.

Fios como esse me fazem voltar a ter esperança no magali como um local de fomento ao pensamento crítico. A despolitização é um dos maiores males da atualidade. Anãs do mundo, uni-vos; vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões <3.

>>14742

>>14743

Quanta baboseira acadêmica ao estilo PSOL. Dá pra ver por que, entre essas e outras, a esquerda daqui está no fundo do poço. Não vai nem fazer cosquinhas no governo neoliberal-fascista do Bostanazi. Esquerda brasileira não presta pra nada.

>>14768

Sua mensagem mostra como você está atolada até tampa que tampa? nessa de liberalismo que salvou o mundo e capitalismo natural do homem e não sei mais o quê. Muçulmanos xiitas e crentes neopentecostais dificilmente abandonam as crenças, assim como o liberal de internet. Honestamente, crença é uma parte significante da militância polícia sim, mas nesse meio, santos precisam e devem ser chutados. Aqui é o Magali então vamos lá:

INBA4: Mas você é uma comunoesquerdapetralha fanática também

Não sou não. O antigo segundo mundo não era perfeito, é óbvio, mas não vou ficar ouvindo Gremista falando do Internacional e achando que está sendo 100% honesto.

>como vocês conseguem ser de esquerda

Com coragem. Conhecendo a história do país e do continente, é provável que uma supressão a partidos de esquerda venha por aí. Quero acreditar que é histeria, mas o seguro morreu de velho. E esquerda sempre foi uma posição legítima dentro do sistema republicano, socialismo e comunismo é que se arrogam como a "evolução" do sistema.

>realmente acreditam nessa touromerda de comunismo e socialismo

Não é questão de acreditar. Os países socialistas estão aí dando certo até hoje. "hurr durr ditaduras pobreza prisão comedores de criança". Maior população carcerária do mundo é nos EUA maravilha e ninguém fala nada. Muita merda acontece em países do norte lindo e ninguém fala nada. Fim da história é balela assumida pelo próprio inventor do termo.

>os fodendo Russos abandonaram essa merda

O partido comunista de lá ainda é enorme. É sempre o segundo colocado nas eleições que o Valdo Putin compra.

>viadões, mulheres, negros

Aqui eu concordo apenas que partidos têm dado vitrine demais às pautas identitárias. Falta leitura da realidade local àqueles que, ironicamente, querem falar pelo povão. Brasileiro é racista e machista, os partidos optaram por uma militância pedagógica, achando que as pessoas vão assimilar uma mudança cultural dessas com propaganda política.

>tenho que abraçar pacote inteiro de ideias porque sim

Vá estudar sobre o Pacto de Varsóvia, Iugoslávia, Romênia e o escambau, os desentendimentos entre a China e a Melhor Coréia, ou mesmo uma reunião de DCE com cinco pessoas discordando de seis coisas diferentes para ver se todo mundo adota o mesmo pacote inteiro de ideias direitinho.

>>14774

> mundinho fechado da universidade, dessa torre de marfim pseudointelectual.

Não é por que não passa na globo que não está sendo feito trabalho de base. Com os recursos escassos que a esquerda dispõe, é trabalho de formiguinha. Sinto muito se só tem vitrina para a esquerdxs lacradorxs. por que será que só essa gente escandalosa e caricata aparece na grande mídia como se fosse todo o campo progressista, por que será?

>o povão não é racista e machista

É o tipo de absurdo tão grande que eu fico me perguntado se não estou falando com um genuíno habitante do planeta Marte. Fico feliz se você está vendo peões caboclos brutos dividindo igualmente tarefas e criando os filhos de diferentes sexos igualitariamente. Que tarefa doméstica é coisa de homem também, que mulher pode ser engenheira, motorista e a porra toda. Que não em nada demais ser viado e etc.

>>14779

>o povão é formado por pessoas profundamente ressentidas, burras e agressivas; bestiais mesmo.

Penúria, miséria, abandono e falta de oportunidade.

>>14779

>Você confunde o "povão" com os conservadores de redes sociais

O povo não é só a sua rede social virtual, onde se encontra quase toda a classe média.

>que elogiam romanticamente o povão de fato.

Mentira. O conservador direitista reacionário odeia o povo, sente nojo do povo. Veja, por exemplo, nas eleições em que o PT venceu e teve maioria nos estados do norte e nordeste. Teve gente que até pregou genocídio da população nordestina, como bons nazistas que essa direitalha é.

>O povão é formado por pessoas profundamente ressentidas, burras e agressivas; bestiais mesmo.

Errado de novo. Quem é ressentida, burra e agressiva é, novamente, a classe méRdia coxinha patriota verde-e-amarela que foi na Av. Paulista pedir o impeachment da Dilma, que foi pedir intervenção militar e tirava selfie com a PM, que ostentava o pato amarelo e aquele boneco inflável ridículo, que pedia a volta da privataria e a entrega das empresas estratégicas brasileiras para as multinacionais. Essa gente sente ressentimento de ver o povo pobre andando de avião e entrando na universidade.

Não tem gente mais nojenta, desprezível como essa classe média alta, massa de manobra da Globo, da burguesia da FIESP e dos banqueiros.

Also, lembrete aos fascistinhas do 55/27 que foram banidos do fio, caso eles não tenham lido as regras.

>>14785

Boa parte dessa classe média alucinada é egressa do povão. E muita gente do povão tem as mesmas aspirações cafonas da classe média, o que torna o pobre um bicho mais ressentido e enfezado ainda. A cultura popular brasileira, outrora charmosa e original, foi erodida pelos valores burgueses mais rasteiros. O pobre brasileiro perdeu a doçura e se transformou num bicho hostil e obtuso. Quem tem mais de 23 anos e não é playboy sabe que o brasileiro já foi muito mais cordial.

Pica relatada, um espécime aleatório que, se não é pobre, certamente representa a maneira como o brasileiro médio pensa e se expressa. Uma falar vulgar, iracunda, contaminada por chavões batidos e argumentos assimilados por mimese; desprovida de vida, em suma. O Bostanazi é basicamente um galvanizador de nervosinhos desse tipo (ou seja, 90% do Brasil). Tradução do conteúdo: a morte de uma livraria grande é algo desejável porque ela publica literatura de esquerda.

É nesse Brasil vulgar, em que a linguagem comum foi sequestrada pelas mais baixas formas de expressão (memes e correntes de WhatsApp) -- nesse Brasil de adolescentes enfezadinhos e tiozões alucinados que o Bostanazi triunfa.

E não me venham com papo de "evidência anedótica". Qualquer bom observador sabe que essa pica ilustra um processo socio-linguístico real.

Como fazer trabalho de base sendo que possuo pouquíssimas skills sociais?

>>14796

Falando assim até parece que todas as mulheres aqui são de esquerda.

Vou contar-vos as coisas magnificas que aconteceram em França nestes dias. Extraordinárias. Polícias que retiraram capacetes e cantaram com os manifestantes a Marselhesa; bombeiros que numa homenagem em frente à prefeitura viraram as costas aos políticos vestidos com cores da França e abandonaram a homenagem; manifestantes de extrema-direita expulsos das manifestações por coletes amarelos; portagens ocupadas pelos manifestantes que impedem que se cobre passagem; há sindicatos da polícia que aderiram já à manifestação de amanhã, e sindicatos ferroviários que decidiram não cobrar bilhete aos manifestante que se dirigem amanhã a Paris. Greves e assembleias gerais de estudantes. As centrais sindicais do status quo pedem recuo nos protestos, mas representam no total menos de 7% dos trabalhadores franceses. A França vive uma revolta - não sei se é uma revolução, mas não é um movimento social como outros. É, na minha opinião, a primeira batalha perdida pelo neoliberalismo, depois da sua grande vitória, marcada pela derrota dos mineiros nos anos 80 por Margaret Thatcher. Um novo processo histórico nasceu este mês na França. Tudo pode acontecer - a história acelera agora a uma velocidade que nos parece estonteante. Em 3 dias Macron recuou 2 vezes, não é certo que o seu mandato sobreviva. O movimento já está na Bélgica.

Vi com encolher de ombros a facilidade com que tantos aqui acreditaram que era a extrema-direita a dirigir aquele que já é o maior movimento europeu contra o neoliberalismo.

Continua a espantar-me a facilidade com que acreditamos no senso comum, a credulidade, a ausência de sentido critico. Mas alguém imagina que a extrema-direita tem de perto ou longe alguma organização para dirigir milhões de pessoas nas ruas há 3 semanas? Não, as pessoas acreditam porque querem acreditar. Desta vez não é necessário um aguçado sentido critico, bastava ler o Le Monde, o El País e ver a Euronews para perceber o susto na cara de Le Pen nos últimos dias, o pânico na face de Macron e a situação de crise no poder do Estado. E, sobretudo, o esforço que Macron fez para que Le Pen apareça como responsável e líder de um movimento. Ora, a esquerda aderiu ao Movimento formalmente, e há vários relatos da extrema-direita expulsa das manifestações. Também há de centrais sindicais amarelas - o que a meu ver é errado. O fascismo não pode ter espaço algum, porque é inimigo das liberdades, o reformismo, por pior que seja, deve ter liberdade de manifestação. A cólera do Movimento dirige-se contra as prefeituras, centenas foram atacadas e uma totalmente queimada. A crise dos partidos tradicionais é total, a separação entre representantes e representados de massas. Macron lembrou-se finalmente que foi eleito com menos de 25% dos votos dos franceses. Quantas vezes temos insistido que força eleitoral não é representação social, António Costa e Geringonça?

A França está a viver uma situação inédita desde o Maio de 68. São trabalhadores, professores e cientistas, reformados e no activo, ferroviários e estudantes, sectores médios proletarizados em massa. O centro da luta é a chamada Diagonal do Vazio, uma área geográfica de pequenas e médias cidades que vai do nordeste ao sudoeste do país. Nevers foi o epicentro. A alcunha Vazio vem do desemprego e do encerramento do pequeno comércio. Nestas cidades os manifestantes - todos senhores e senhoras, como poderão ver pelas reportagens, envergando o seu colete amarelo - explicam que têm que usar o carro, idosos, para ir às compras a 10 km de distância porque o grande comércio destruiu as mercearias - conta o El País; o saque das pequenas lojas é mínimo, a maioria das lojas destruídas são as de alta costura e os grandes armazéns - diz o Le Monde. A revolta começou contra os impostos, estão "fartos" de em nome da "economia dita verde" pagarem para serem cada vez mais excluídos, do acesso à cidade também; uma senhora conta que chega ao fim do mês com 70 euros; outro que "não tolera viver num país onde o PM veste um fato de 45 mil euros, 3 salários anuais de um operário"; um engenheiro não sabe se "metade dos manifestantes concorda com a outra metade" mas não vai "sair da rua" até que as coisas mudem. A pressão fiscal em França já é mais de 45%. Querem emprego e não o rendimento mínimo. Não são contra a imigração mas defendem que a solução está nos países de origem e que as políticas dos países ricos têm que mudar radicalmente.

>>15123

Não gosto de violência. Nem de vandalismo ou destruição. Nunca mostrei simpatia pelos jovens desempregados ou sub empregados da periferia que vêm para a rua partir carros em França e Inglaterra. Ao contrário da direita, acho que eles não nasceram vândalos, acho que são animalizados pela exclusão social que a direita promove. Ao contrário de uma parte da esquerda organizada não acho que eles sejam uma esperança, nem uma forma de resistência - só vejo no vandalismo desespero e desistência. Sei também que a violência é mínima, a maioria, larga maioria, dos bairros pobres tem gente que com um esforço incrível vive do trabalho mais mal pago, e não desiste de viver. São os milhares de jovens que trabalham no comércio, construção civil, a vida deles não é partir, mas trabalhar por quase nada. Tenho muitas dúvidas sobre se os "partidores" pertencem à classe trabalhadora - sei que são filhos dela, não sei se não estão mais próximo do lumpen-proletariado. Misturar estes fenômenos, recorrentes na Europa, e minoritários, com o Movimento dos Coletes Amarelos é confundir uma tosta mista com um banquete em Versalhes.

Macron está a caminho de sair mal entrou não porque houve pancadaria no Arco do Triunfo, mas porque os coletes amarelos pararam a circulação de mercadorias há 3 semanas questionando a autoridade do Estado, que não os conseguiu impedir. E viram costas às autoridades políticas locais. O Movimento conta com o apoio oficial de 60% dos franceses.

Sabem que mais? Estou tão feliz estes dias. Ando há anos ouvir falar da "aristocracia" operária europeia e da esperança na periferia do mundo, qualquer movimento camponês com 200 pessoas pessoas na Ásia é mais aplaudido pela esquerda do que uma greve de médicos na Alemanha, logo apelidados de "privilegiados". Foi por isso que escrevi um livro de História da Europa, que lembrasse o passado de resistência na Europa, a importância dos sectores médios, a centralidade da produção de valor nos países centrais, a tradição de consciência de classe na Europa - superior a qualquer parte do mundo - os trabalhadores na Europa, sem os quais não haverá solução civilizada no mundo. Passamos de um eurocentrismo para um periferocentrismo absurdo. Agora...sorte, sorte, sorte mesmo, porque tal precisão temporal não pode ser atribuída à previsão cientifica, é que o meu livro Um Povo na Revolução foi publicado em França justamente este mês. Eles não fazem ideia, os coletes amarelos, como esse pedaço de coincidência irrelevante para a história da humanidade me divertiu. Vou ceder no meu gosto por roupa bonita e vestir o tal do colete amarelo amanhã.

Não sei se é uma revolução. Pode ser. Ou não. Se não for, será adiada mas não evitada. Se estão com medo do mundo do trabalho, não imaginam que a ele devemos tudo o que de mais civilizado possuímos. Não olhem para o Arco do Triunfo em chamas, essas imagens de caos, mas para o triunfo da defesa organizada da cidade humanizada, do emprego com direitos, de um mundo justo, sem impérios e brutalidade social. Os coletes amarelos são isso, quanto mais apoio tiverem de pessoas que acreditam na vida civilizada mais serão ainda parte da solução.

>>15138

Texto de Raquel Varela, historiadora portuguesa. Joga ela no google aí e vê se é só um pitaco.

Por mim, eu também acho que estamos entrando em uma longa noite de servilismo para as classes baixas que vai só culminar com uma nova Bastilha daqui a bons 150 anos. Mas qualquer ataque ao consenso neoliberal é bem vindo.

Está dando gosto ver a reação da ala mais tankie da esquerda aos rios de chorume anticomunista colocados diante de nossos olhos nos últimos dias.

Tanto a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado quanto o ator Gregório Duvivier foram vetores de uma tática de desmerecimento de toda e qualquer experiência do socialismo real que, não nos enganemos, vem sendo disseminada no Ocidente desde pouco antes do início da Guerra Fria. Os formadores de opinião são outros, mas as opiniões são as mesmas. E tome revisionismo histórico, anacronismo e desonestidade intelectual para fazer acenos para a direita. "Ei, olha, nós não somos autoritários que nem esses neobolcheviques!".

Claro que não, vocês se dizem antissistema sem fazer qualquer oposição real porque isso dá muito trabalho. Tem que se comprometer a perder algo para que todos ganhem e isso é pedir demais, eu sei. Ninguém é obrigado a ser revolucionário, mas seria bom não adotar argumentos falsificados pelo liberalismo mais tacanho e mais rasteiro possível.

Quando o Duvivier fala que Lênin odiava a esquerda usando a obra "Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo" ele aplica uma estratégia igualzinha a do MBL que visa desprover a análise de qualquer embasamento feito dentro das condições materiais do tempo histórico mencionado. Como defender o povo e o socialismo sem o aumento das forças produtivas de um país feudal como era a Rússia czarista? Com batuque e palestra lacradora cheia de close certo no DCE é que não. Eu nem sou e nunca fui trotskista mas é assustador como nos tempos de hoje até a figura de Trotsky é vilipendiada só para dar vazão ao mais abjeto anticomunismo dentro da própria esquerda. Sem a ação de Trotsky em Kronstadt sequer a NEP existiria e isso iria resultar ou na invasão da URSS pelas potências capitalistas ou em consequências devastadoras durante a Segunda Guerra Mundial.

E a própria existência de uma ala anticomunista dentro da esquerda me dá náuseas. Como diz o José Paulo Netto, a URSS podia ter seus defeitos mas era nossa casa. Era um lar e a insígnia maior das vitórias de todos os trabalhadores que doaram o que tinham e o que não tinham pela justiça social ao longo do século XX e que foi demolido a partir do próprio quintal. Hoje, infelizmente, lutamos para manter estes direitos e não ampliá-los justamente porque o neoliberalismo e o fascismo, o braço mais bruto do capital, avançam porque não existe mais uma força de contenção do outro lado como era a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Mas vocês só querem fazer comparações infantis para demonstrar que conhecem o conceito de "totalitarismo" enquanto o neocolonialismo suga todo o seu sangue e suor.

Vocês não são aliados. Menos Hannah Arendt e mais Domenico Losurdo.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm

>CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

>TÍTULO II

>DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

>CAPÍTULO I

>DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

>LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Pena que esse inciso não vale para o Lula. E se não vale pra ele, na prática não vale pra mais ninguém. Só para os amiguinhos do Moro, do Bostanazi, dos milicos, dos magistrados, da mídia e da direita golpistas. Você é amigo de um desses?

No turbulento final dos anos 60, conhecido pela ebulição do movimento estudantil, o Japão foi um dos países onde mais houve radicalização à esquerda de uma vanguarda cultural nas universidades. nos meios estudantis de kyoto, surgiu uma das mais misteriosas e fantásticas bandas de rock da história: les rallizes dénúdes.

Associados a grupos teatrais, de poesia e outras expressões artísticas, o grupo é conhecido pela pecularidade de nunca ter lançado um álbum de estúdio durante sua longa carreira. tudo que há de registro da banda são (centenas de) bootlegs -- gravações não oficiais e de baixa qualidade de apresentações ao vivo --, por conta do perfeccionismo de seu líder, o hermético takashi mizutami, que nunca ficava satisfeito com as tentativas de gravação em estúdio.

Mizutami era uma figura reclusa e enigmática e, desde que deixou de se apresentar ao vivo, não se sabe ao certo de seu paradeiro ou sequer se ainda permanece vivo.

Tudo que se sabia sobre ele é que: i) era um grande fã de velvet underground, particularmente de seu segundo álbum (white light/white heat), conhecido pelo uso inovador de longas passagens de feedback de guitarras barulhentas e sem fim (como na última música, de 17 minutos, "sister ray"), bem como de free jazz ao estilo ornette coleman e coisas experimentais doidinhas e atonais; ii) era um esquerdista convicto, com vínculos com o "exército vermelho japonês", um grupo clandestino e praticante da luta armada, fortemente apoiador da luta palestina, perseguido severamente pelo estado japonês por ser considerado terrorista. dizem que este foi um dos motivos para sua reclusão: tinha muito receio de ser perseguido pelas autoridades e em certo momento tornou-se paranóico com isto.

O "exército vermelho japonês" era uma organização com laços com a "frente de libertação da palestina", dirigido por uma jovem e brilhante estudante japonesa, autora também de poesias, presa desde os anos 2000. pra quem tiver interesse, recomendo um documentário chamado "children of revolution" que conta a história dela e da ulrike meinhof, da "fração do exército vermelho" da alemanha, mais conhecido como grupo baader-meinhof)

Bem, se o líder mizutami era apoiador de um grupo que havia declarado guerra ao estado japonês, o primeiro baixista da banda era um militante ativo! uma das histórias mais espetaculares foi protagonizada pelo sr. wakabayashi: participou do sequestro, organizado pelos guerrilheiros, do avião com passageiros da japan airlines, posteriormente obtendo asilo, junto com os outros jovens comunistas, na coreia do norte!

E o som dos esquisitinhos, como era? bem, basicamente um ritmo repetitivo, comandado por uma cozinha primitiva, se prolongando por vários minutos (lembra que eu falei que eles gostavam de sister ray? eles gostavam muito mesmo!) e servindo de base a guitarras distorcidas e cacofônicas -- eles anteciparam bandas de noise rock como sonic youth em duas décadas -- num transe hipnótico demente. as letras, pelas traduções, são pura poesia adolescente niilista à là geração beat ou wannabe rimbaud.

Eles basicamente serviram de inspiração para todo o underground posterior do japão. tudo que o país sabe fazer de melhor no rock não convencional vem daí: música psicodélica (boredoms, boris, high rise), a fantástica cena experimental de "noise", conhecida como "japanoise" (merzbow, hijokaidan, fushitsusha, melt-banana) e a cena punk/hardcore bastante singular, mais barulhenta e doentia que o que estamos acostumados (g.i.s.m., confuse).

Se eu gosto? esta apresentação ao vivo de 77, charmosamente mal gravada, é uma das minhas coisas favoritas da vida!

https://www.youtube.com/watch?v=xoYVEQeJ4WQ

É óbvio, mesmo para os anticomunistas de esquerda, que a propaganda burguesa sobre o grande número de mortes do comunismo é hipócrita. Mas o que primeiro deve ser entendido é que a maior parte é simplesmente mentira.

Algumas das fontes mais confiáveis ​​e comumente citadas como "O Livro Negro do Comunismo" são, para ser franco, besteira. Vários dos autores admitiram que inventaram ou modificaram muitos dos números, e ao longo do livro, usam imagens de atrocidades czaristas ou fomes de décadas antes da URSS existir para mostrar os supostos horrores da vida sob o comunismo.

Da mesma forma, Aleksandr Solzhenitsyn, um conhecido simpatizante do ditador fascista Francisco Franco, admitiu que "O Arquipélago Gulag" foi inteiramente inventado sobre o que ele chama de "folclore do Gulag".

A organização Vítimas do Comunismo também recorre à calúnia mais insultuosa e hipócrita, contando os mortos pelos bombardeios norte-americanos no Vietnã, Camboja, Laos e Coréia como “vítimas do comunismo”, como se fossem os comunistas culpados pela máquina de guerra dos EUA.

Muitos de nossos números e eventos como o Holodomor são tirados diretamente das bocas dos nazistas e dos colaboradores nazistas. O mito de que a terrível fome na Ucrânia foi intencional, vem dos mesmos ultranacionalistas ucranianos que expurgaram judeus e ciganos sob ocupação nazista. Mesmo o número 20 milhões de Stalin vem metade de Hitler. Em "Mein Kampf", Hitler reivindica Lenin, nem mesmo Stalin, mas Lenin, antes da coletivização, antes dos expurgos, matou 10 milhões de russos. Isto é, obviamente, um absurdo e é tão bom quanto qualquer outra peça de propaganda hitlerista, mas os anticomunistas pegaram o número de qualquer maneira. Bota 10 milhões extras para Stalin e acabou.

Outra coisa que temos que considerar é o fato de que essas nações eram nações com órgãos estatais confiáveis ​​e modernos. Caceta, os anti-comunistas que adoram criticar o socialismo como burocrático! Temos números confiáveis ​​sobre quantas pessoas viviam lá, sobre quantos trabalhavam e estavam envolvidos nas funções do Estado, e ainda assim a contagem de corpos do comunismo tem discrepâncias maiores do que a gripe espanhola. Mesmo em genocídios reais como o Holocausto ou o Genocídio Cambojano, embora haja algum desacordo, quando há, nunca é em mais de um milhão. Enquanto isso, eu vi Stalin sozinho culpado por algo entre 10 e 50 milhões de pessoas! O comunismo como um todo tem um número de mortes entre 100 e 250 milhões de pessoas! É absolutamente absurdo!

O único propósito desse absurdo é subestimar os terríveis crimes do fascismo que, em seu curto período de tempo, industrializaram o assassinato. Daí porque muitos dos nossos grandes "heróis anti-soviéticos", de Stepan Bandera a Osama bin Laden, também foram colaboradores nazis e genocidas. Também aponta os holofotes para longe dos horríveis crimes do capitalismo, imperialismo e colonialismo que ocorrem todos os dias e permanecem responsáveis ​​pelos piores genocídios e massacres da história.

>>15459

>astrolavo

E então, companheiras, preparadas para a tomada do Brasil pelos NPCs coxinhas em 2019?

Preparem-se para ouvir deles com mais frequência frases como:

BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS

BOLSOMITO

LULA LADRÃO

PT CORRUPTO

COMUNISMO MATOU 1000 TRILHÕES

VAI PRA CUBA MORTADELA KKKKKK

BRASIL NÃO VAI VIRAR VENEZUELA

NOSSA BANDEIRA JAMAIS SERÁ VERMELHA

OLAVO DE CARVALHO MAIOR FILÓSOFO DO BRASIL

MAIS MISES MENOS MARX

TEM QUE PRIVATIZAR TUDO

SERGIO MORO E DALANHOL DO PAWERPOINT HEROIS

ESCOLA SEM PARTIDO

DITADURA CUBANA

INTERVENÇÃO MILITAR JÁ

MST TERRORISTA

CUT VAGABUNDOS

MEIQUI AMERICA GREIT AGUEN

>>15465

Outra versão com os protestos do "impítimam" ao fundo.

>>15465

>>15470

VOCÊ TEM QUE IMANENTIZAR O ESCATHON

>>15464

Então, meu caro progressista, meu caro liberal, meu caro católico, meu caro protestante tradicional, que está assustado com a influência do Astrolavo do Caralho e com a influência de igrejas pentecostais fundamentalistas pós-milenaristas e sua teologia dominionista e reconstrutivista pró-Israel no governo do Bostanazi...

Posso assegurar que você não viu nada, ainda.

Tenho contato com Astrolavo do Caralho desde meados de 2006.

Fui xingado por ele em mais de um "True Outspeak" (sic) dele - o programa de rádio pela internet dele (por meio do qual ele conquistou boa parte de seus admiradores e seguidores). Conheço há anos as "olavetes", que sofrem lavagem cerebral dessa seita - consegui exercer algum papel no sentido de ajudar uma ou outra a sair dessa seita. Tenho o livro "Astros e Símbolos" da autoria dele e tinha as revistas Planeta dos anos 1980 com os artigos dele sobre alquimia etc. Recentemente, a filha de Astrolavo esteve leiloando um dentinho de leite dele, que ela tinha guardado e esse assunto gerou grande rebuliço nos meios olavistas. Só entende o affair quem entender as implicações disso em termos "mágicos". Os relatos de quem conheceu de perto Astrolavo e seus filhos envolvem estelionato, ameaças de malefício pela suposta bruxaria (que têm o efeito de assustar quem nisso acredita) e abortos provocados pra fins rituais - além duma história estranha envolvendo uma "odalisca". Deixa pra lá.

O Carlos Velasco e outras pessoas têm feito um trabalho de divulgação sobre o perfil do Astrolavo do Caralho, inclusive divulgando um antigo processo judicial dele, no qual consta a carta do líder esotérico Martin Lings (que já foi guru do príncipe Charles) pro Astrolavo e na qual se fica sabendo que Astrolavo foi líder de uma Tariqa de sufismo islâmico, da linha do guru Frithjof Schuon, que, por sua vez, rompeu com René Guénon... antes disso, fora expulso de outra Tariqa por ser acusado de sacrificar gatos em ritos de "vodu". Mas se engana também quem for buscar nesses autores esotéricos como Guénon etc (duma vertente tradicionalista chamada Perenialismo) a chave pra entender Astrolavo e o novo chanceler Araújo (que cita Guénon, Evola e outros até em artigo do Itamaraty).

Astrolavo tem formação Tradicionalista/Perenialista, mas ele, há anos, distorce e instrumentaliza esses autores (assim como faz com Mário Ferreira dos Santos e outros) para defender os EUA e Israel e uma agenda neoconservadora - sendo que, em seu livro chamado "O Jardim das Aflições", Astrolavo do Caralho denunciava o império americano como "reinado do Anticristo".

Eles (Astrolavo e o chanceler Araújo) não são guenonianos - eles são mais schuonianos do que guenonianos. E duma vertente "marginal" do Perenialismo, digamos assim. A Romênia, onde ele viveu por anos, é um local chave pra entender o fenômeno Astrolavo.

Astrolavo talvez tenha saído do mesmo submundo de onde saiu Aladino Félix, conhecido como Sábado Dinotos... do mesmo submundo de onde saiu o Reverendo Moon, a TFP brasileira (com a seita esotérica "Sempreviva" dentro dela) e outros fenômenos "esotéricos" relacionados à direita anti-comunista.

Isso tudo é confuso?

Sim, sem dúvida.

Mas bem vindo à nova realidade, à nova era.

Não questione as medidas do deus Bozonaro! Questionar é coisa de comunista!

No último mês, viajei para a Polônia de Kaczynski, para a Turquia de Erdogan e para as Filipinas de Duterte. Todos versões locais do Coiso. Como fui para trabalho, tive a oportunidade de conhecer e entrevistar diversas pessoas (de privilegiados até povão) sobre a vida que levam e como as coisas tem sido nos últimos anos. Também vi muita coisa assombrosa escondidas nas entrelinhas.

Na Polonia, todos que conversei disseram que o país não é uma democracia mas não sabem quando o país deixou de ser. Mas aparentemente as seguranças de cidadania foram aos poucos sumindo em nome da segurança nacional. Essa segurança entretanto é assegurada por uma policia branca e extremamente nacionalista. Essa policia protege skinheads e bate em refugiado. Estive em Auschwitz e vi um grupo de skinheads cuspindo no monumento de memória ao povo judeu. A guia me disse que antigamente eles poderiam ser presos, mas hoje em dia seria capaz de eles fazerem o guia ser preso. Ao final do tour, o guia (cujo avô tinha sobrevivido Auschwitz) nos pediu aos prantos para contribuirmos para manter o campo, já que o governo havia cortado todos os fundos para a manutenção do campo e eles estavam a beira de fechar as portas. Afinal, de acordo com Kaczynski a Polonia não tem obrigação nenhuma com minoria alguma. Soa familiar, não?

Na Turquia, foi ainda mais bizarro. Fiz uma palestra em um evento de inovação (de tecnologia militar, descobri lá) patrocinado pelo governo turco. Erdogan esteve presente. Assisti de um camarote ele chegar de avião e milhares de visitantes irem na direção dele gritando em turco “líder, líder”. Perguntei ao meu colega da Turquia ao que se devia isso. Ele me disse que o culto de personalidade de Erdogan começou no momento em que o presidente começou a aumentar o próprio poder e diminuir suas responsabilidades. Como assim, perguntei. Aparentemente o presidente aumentou seus poderes de demandar segurança, empoderado milícias e assassinos de opositores. Suas responsabilidades entretanto, foram canalizadas contra a oposição e grupos minoritários - cada problema que acontecia por sua própria incompetência era usado para perseguir um novo target ou prender/matar uma nova pessoa. Esse ciclo criou o autoritarismo vigente na Turquia hoje.

Nas Filipinas, vi um país pobre com um dinheiro barato como nunca vi antes. Um gorjeta de R$15 reais levou um taxista às lagrimas. Mas ainda assim, a primeira coisa que li em um jornal era que o desemprego era zero. Conversando com um economista filipino, aprendi o seguinte: Com Duterte, as leis trabalhistas foram dizimadas. Com isso, uma pessoa trabalhando como atendente de loja por 2 horas semanais ganhando o equivalente a R$50 por mês é considerado empregado. Além disso, vi um local onde matar pessoas suspeitas de usar drogas é legalizado e de acordo com todos que conversei, adivinhem qual a população que mais morre com essa lei - étnica e pobre.

Nesses três países vi um povo sofrido e buscando soluções mas aprisionados em um sistema baseado no medo, na supressão e na perseguição.

Todos esses países outrora grandes estão sucumbindo pela própria ignorância e por darem voz e poder à políticos intolerantes. Suas democracias e direitos desapareceram pouco a pouco, golpe a golpe, a cada direito retirado.

RESISTE, BRASIL!

>>15636

O que a foda?

>>15636

>>15638

É um bot.

https://www.theguardian.com/world/2018/aug/07/china-bans-winnie-the-pooh-film-to-stop-comparisons-to-president-xi

https://pt.wikipedia.org/wiki/Censura_da_Internet_na_China

https://pt.wikipedia.org/wiki/Protesto_na_Pra%C3%A7a_da_Paz_Celestial_em_1989

https://en.wikipedia.org/wiki/Li_Hongzhi#Falun_Gong

https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_para_a_independ%C3%AAncia_do_Tibete

https://en.wikipedia.org/wiki/Anti-Rightist_Campaign

https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Salto_Adiante

https://en.wikipedia.org/wiki/Cultural_Revolution

(...)

http://www.chinalinktrading.com/blog/taiwan-china/

http://www.icp.com.br/df33materia1.asp

https://www.bbc.com/news/world-asia-pacific-16860974

https://en.wikipedia.org/wiki/Liu_Xiaobo

Vivendo e aprendendo!!! alguem assistiu a entrevista do Ministro Heleno na Globo News ontem? Bem, eu assisti. Considerado o "conselheiro" do Presidente, ele obviamente foi questionado sobre a Funai, alvo do primeiro decreto do novo governo. Dentre as pérolas ditas pelo Ministro, destaco algumas: "Índio não quer terra, quer energia elétrica, quer cursar faculdade" (...) "A terra Yanomami é tão grande que se corre o risco de uma ONG vir e pedir a independência da área e o Brasil perderá um pedaço cheio de minérios e outras riquezas" (...) "O índio precisa ser cidadão" (...) "Conheci um cara da tribo Tuxawa que só falava inglês" (...) "A Funai fazia laudos fraudulentos para as demarcações".

Colocadas assim, em meio aos risinhos e tom amistoso da entrevista, não parece muita coisa, mas essas declarações estão repletas de um conteúdo preconceituoso, político e mentiroso. Então vamos traduzir o Ministro Heleno? Quem topa ler?

1- O mito do "índio não quer terra": Esse se fala há mais de um século aqui em MS. Enfiar na cabeça das pessoas que o índio não quer terra é um ótimo começo para nunca devolver a terra pro índio. Afinal, terra é algo que ninguém quer, não?! Se alguém chegasse para vc e dissesse, olha, vc quer uma terra? Você responderia o que? É, eu sei, é claro que vc ia querer. Então por que vc acredita que o índio não quer? E ainda reproduz o discurso a torto e a direito? Só passando um dado, a reivindicação de terra indígena em MS é de 0,03% do Estado. O que vc acha desse número? É mais ou menos do que vc imaginava?

2- Um direito não exclui o outro: O que ter ou não terra tem a ver com ter energia elétrica ou cursar faculdade??? Se o índio tem terra, não pode ter energia elétrica? Se tem terra não pode cursar faculdade? Por que?

3- Independência Yanomami: Essa é nova, e confesso que ri bastante até entender o que se quer de verdade com essa história. Sim, a terra Yanomami é bem maior do que a maioria das terras indígenas, por vários motivos. Talvez os yanomami tenham sido a primeira etnia a se ter a preocupação de preservar o modo de vida e os direitos. Isso requeria uma extensão de terra suficiente. Além disso, 4 grupos (somando mais de 6 mil pessoas) ocupam a terra, não apenas 1 como foi induzido a pensar. Mas os Yanomami querem se separar do Brasil? Eles representam uma ameaça à segurança Nacional? É óbvio que não! Então por que o Ministro falou sobre isso? Porque a terra Yanomami é riquíssima em minérios e petróleo, e o governo quer o SEU aval para explorar indiscriminadamente! E vc vai dizer nas redes sociais: "Aim, o governo tinha que entrar nas terras, porque os índios queriam fazer uma revolução separatista".

4- Tuxawa não é etnia: O Ministro se gabou por conhecer muito bem os índios, de Norte a Sul do país mas, Ministro, chega aqui um pouquinho, deixa eu te passar cola, Tuxawa é um líder indígena, não uma etnia. Corrige que ficou meio feio, blz?! A etnia é Macuxi, pescou? Bom, o Ministro também se gabou da formação acadêmica dos militares, indicando isso como justificativa ao grande número de militares no governo. Mas... reclamou que "não pode mais falar tribo, porque é (em tom jocoso) politicamente incorreto". Não, Ministro! Não é politicamente incorreto, é academicamente incorreto! As palavras não são iguais, querido! E em um dado momento a antropologia entendeu que etnia era a palavra mais adequada. É uma discussão acadêmica, não política.

5- O mito do índio estrangeiro: Essa também se ouve muito por aqui. Bem, quando estive em Rorâima e conheci os Macuxi, ao contrário do Ministro, não tive qualquer problema de comunicação. Todos eles falavam muito bem o português, além, claro, do idioma próprio. Mas, ok, o Ministro conheceu um que falava inglês. Bem, as terras Macuxi fazem divisa com a Guiana, onde também se fala inglês. A distância da cidade mais próxima brasileira é muito maior do que a distância da cidade estrangeira mais próxima. Sim, os Macuxi tem bastante contato com a população da Guiana. Se vc mora numa fronteira, é muito errado falar o idioma do outro lado? Por que para o índio é? Aqui em MS todo índio é paraguaio, pode perguntar a qualquer um na rua. Aí, fala guarani! Não fala português! Tudo paraguaio, vão dizer. Sabe por que? Porque se é paraguaio não tem direito a terra. Se é estrangeiro não pode gozar dos direitos garantidos pela constituição. E vc acredita. Mas sabe por que os mais velhos não falam português? É uma forma de resistência, de protesto. Porque o guarani era o idioma muito antes do português ser o idioma por aqui! Bonito foi o Paraguai, que mesmo recebendo a dominação espanhola, manteve o idioma nativo.

>>15713

6- a Funai frauda estudos antropológicos: A Funai é um órgão do Governo, um órgão federal. É tão engraçado como o governo fala da Funai como se ela fosse uma intrusa, como se não fizesse parte. Quando o Governo acusa a Funai, ele está acusando a si próprio! Tempos atrás inventaram a CPI da Funai, que tinha por objetivo comprovar toda a corrupção do órgão. Na verdade era para satisfazer a meia dúzia de gente mimada e melindrada que se acha muita coisa. Resultado? Nenhum. Onde estão, Ministro, as fraudes da Funai? Das 2 uma, ou a bancada ruralista foi incompetente demais para provar, ou foi só chilique mesmo. Além disso, a Funai, diga-se Governo Federal, contrata tais estudos através de profissionais selecionados por editais, o senhor deveria saber disso, Sr. Ministro! Mas ah, é claro que o senhor sabe. Mas vc não, né amiguinho? E o Ministro precisa te convencer de que a Funai não presta para justificar o desmonte dela! E assim poderemos transformá-la em mero cartório, roubando-lhe as atribuições, inutilizando-a.

7- Índio cidadão: Essa talvez seja a pior de todas. Mas Amanda, o índio não quer ser cidadão? E ele não é??? Ah, mas ele tem que ser igual a todo mundo, vestir roupa, estudar, trabalhar e pagar impostos. Hum... E ele não faz isso? A questão, meu bem, é a terra. Para ter terra tem que andar pelado no mato e não pode ter celular não! Oxe, o que uma coisa tem a ver com a outra? Tem a ver que a terra do índio é vista como um privilégio e não como um direito. É tipo aqueles testamentos que aparecem em comédia romântica que diz que o cara só vai receber algo que já LHE É DE DIREITO, caso ele se case. Já pensou em receber uma herança assim? A terra é um direito, não um privilégio. Então essa coisa do índio cidadão, é assim, meu amor: Vamos enfiar na cabeça do povo que se ele se lasca, o índio tem que se lascar também. Aí a gente diz que ele não quer terra e que quer ser cidadão. Depois a gente tira o índio da terra, ele vai pra favela mais próxima, se mistura, perde a identidade cultural e, se Deus quiser, os filhos dele perdem até as características físicas, e ninguém mais identifica o índio, pronto, problema resolvido com sucesso! Ele vira cidadão! Se arruma na favela, faz um gato de energia elétrica e sonha com a faculdade, porque, né, cá pra nós, essa parte era mentira. A gente fala da meritocracia, mas o cara não vai chegar na faculdade porque a gente precisa dele limpando o esgoto ou colhendo maçã em fazenda de sinhá em SC. Resolvemos os problemas dos ruralistas!

Boa tarde para vcs, meus amores! E para quem leu até o fim, to devendo um abraço, pode cobrar.

Flávio Bostanazi pede, e STF suspende investigação sobre Queiroz

https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/17/ministro-do-stf-manda-suspender-apuracao-sobre-movimentacao-financeira-de-fabricio-queiroz.ghtml

>>15829

Pois é, parece que vai voltar a ser que nem na época do FHC. Quem não se lembra do "engavetador-geral da república" que mandava arquivar processos contra o PSDB? Uma pena que a essa criançada de chan que votou no Bozo só pelo lulz não viveu essa época.

>>15832

Pensando bem, vai ser pior do que na época do PSDB, porque temos já dois engavetadores: a Raquel Dodge e o juiz-ministro Sérgio Moro e, agora, o Fux. E tem o Toffoli pra completar o serviço sujo que o general Ajax manda ele fazer.

O que o Tiririca disse é mentira: pior do que tá pode ficar, sim.

Que desu tenha piedade dessa nação.

>>15829

A melhor e pior partes de um site sempre são os comentários, p.uta merda. Perdendo duro aqui.

Acabou de se romper mais uma barragem de resíduos da Vale em Brumadinho (MG). Mais de 200 pessoas desaparecidas, provavelmente mortas.

Sabem o que o governo vai fazer? Sabem o que vai acontecer com a Vale? Nada. Porra nenhuma. Vai ficar tudo por isso mesmo. No máximo, uma multazinha que não vai fazer nem cócegas nos lucros exorbitantes da empresa

Os palhaços nazistas devem estar até rindo disso, porque genocídio é com eles mesmo.

Viva o neoliberaloidismo, a privataria e a psicopatia da direita.

>>16006

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/01/25/governo-mg-mortos-rompimento-barragens-brumadinho.htm

Corrigindo: na verdade são mais de 300 pessoas desaparecidas.

Dizer que é desastre ambiental é muito pouco. Isso é um crime ambiental. Pena que no Brasil, crime de gente grande compensa.

>>16006

>>16007

Sabe o que eu odeio? Quem faz mal à natureza, aos animais. Me pergunto: Nessa tragédia, quantos gatinhos não morreram?

Odeio ser humanos, mas não odeio o Mundo, a Vida. Amo a natureza.

Irei ganhar muito dinheiro hoje vendedendo a Vale à encoberto. Alavancagem máxima. Todo meu aporte.

Short it.

Se essa merda de país fosse um país sério, esse bandido deveria estar na cadeia, junto com o outro bandido que é o entreguista FHC. Mas como o Brasil já é governado por bandidos desde 31 de agosto de 2016, então esse facínora vai permanecer impune.

Os maiores chargistas do Brasil são o Jota Camelo e o Vitor Teixeira. Como eles, não têm ninguém. 10/10.

>>16029

>acho que de 2100 não passa

Acho que você está sendo otimista demais. É mais provável que a humanidade e a Terra não durem até 2050, ou até antes, se houver uma 3a. guerra mundial.

Já decidi que depois que meus pais morrerem, eu me mato. Desisto da humanidade. Vou deixar os que ficarem aqui destruírem o resto do que existe no planeta.

>>16049

Aqui alguns exemplos desses bunkers de bilhonários. É coisa fora do comum.

>>16086

>COMO NÃO?!?! Bostanazi foi eleito como então?!

Na base de fraudes, se aproveitando da confusão política do povo e da falta de ação da esquerda.

1 - Fizeram (TSE, a "Justiça" e a mídia) mil manobras para tirar o Lula da eleição, que era o candidato que a maioria da população queria votar, para forçar o PT a colocar alguém sem expressão nenhuma para perder a eleição de propósito.

2 - Fizeram (mídia, empresariado, milicos) uma campanha maciça de difamação contra o principal candidato da disputa e uma intensa operação de disseminação em massa de notícias falsas (fake news) nas principais redes sociais (Face.book e Whats.App).

É basicamente isso. Não tem nada a ver com machismo, racismo, homofobia e outras pseudo-causas que a neo-esquerda gosta de inventar.

Also, você se esquece, por exemplo, que essa eleição teve o maior número de brancos, nulos e abstenções desde a primeira eleição depois da ditadura, em 89.

Esse negócio de que a eleição foi limpa e o Bostanazi é popular são duas grandes mentiras deslavadas. Se ele realmente divulgasse na campanha o que ele realmente iria fazer (as "reformas" = acabar com a previdência, com salário mínimo, com direitos trabalhistas etc.), ele jamais teria ganho.

>>16088

E não se esquecendo de que também teve dedo (e muito, muito dinheiro) estrangeiro nisso tudo. E continua tendo.

Qualquer semelhança entre a direita venezuelana pró-Guaidó e a escumalha direitista brasileira e latino-americana em geral não é mera coincidência.

Mas e aí, quanto tempo até o capitãozinho e o sádico ministro da economia dele proporem acabar com a lei Áurea?

>>16145

>>16146

Nos comentários:

>vamos tirar todos os direitos trabalhistas (que são 'privilégios' dos trabalhadores que oprimem o coitado do patrãozinho) e o patrão bonzinho vai passar a pagar mais no final do mês, sim, amiguinho

Puta que pariu, essa escória ancap e liberotária tem cérebro ou cerebosta? Será que já trabalharam e tiveram chefe uma vez na vida? Será que sabem como o mundo e os seres humanos funcionam? É tanta coisa absurda que eu não sei se esse pessoal é doente mental mesmo. É bem provável.

>>16148

O que me surpreende é que boa parte desse pessoal que acredita nesse discurso é pobre de direita.

Se fosse gente que tivesse nascido em berço de ouro, criado a leite com pêra, com papai e mamãe bancando tudo (que é a outra parte do tipo de pessoa que compõe a direita), eu até entenderia.

O FENÔMENO DA ALIENAÇÃO DO TRABALHO NO CAPITALISMO EM UM GRÁFICO

A Gallup, uma empresa de opinião americana, buscando compreender mais a fundo atitudes e comportamentos dos funcionários, constatou, em seu relatório mais recente sobre o estado do local de trabalho global, que o engajamento psicológico dos empregados com seus trabalhos é baixíssimo em escala mundial. Certo que, considerando os engajados — aqueles psicologicamente comprometidos com seus empregos —, os não engajados — aqueles que não têm motivações e que são menos propensos a investir esforços — e os fortemente não engajados — aqueles que são infelizes e improdutivos —, a porcentagem dos dois últimos tipos de funcionários no mundo é largamento superior ao primeiro tipo. Embora o objetivo da Gallup seja buscar formas de assessorar empresas capitalistas a melhorarem o engajamento dos funcionários, uma perspectiva marxista sabe bem que esses esforços são inúteis, mesmo que possam servir de paliativos. Certo que, como bem explica Marx, o problema está no próprio modelo produtivo, não nos funcionários em si. O capitalismo é um modo de produção alienador e vicioso, em que as pessoas se veem constrangidas a contraírem relações de produção repetitivas que não representam as suas verdadeiras vontades. Isto é, não representam a prática de suas potencialidades que lhes proporcionaria uma verdadeira satisfação. Isso faz com que os trabalhadores não se vejam realizados com seu trabalho, sentindo-se estranhos, alheios, ao que estão fazendo. Contudo, é importante salientar que Marx, desde o Manifesto, não negava o poder do consumo capitalista, que, com bens barateados e abundantes, podem com certeza propiciar uma maior margem de engajamento psicológico dos empregados que desejam conquistar seus objetivos de consumo. Mas, o que se observa é que, mesmo assim, países que melhor representam o capitalismo em sua forma mais desenvolvidas, como os EUA e os países da Europa Ocidental, ainda possuem forte desengajamento psicológico. Ou seja, como bem descreve Marx, o comprometimento não seria resultado do prazer de praticar a atividade laboriosa em si, mas sim da projeção dos resultados remuneratórios, que representam o verdadeiro fim, o verdadeiro objeto de felicidade, que no capitalismo é provisório. Desse modo, o trabalhador é tomado como uma engrenagem que se submete a um emprego que odeia para conseguir a felicidade instantânea, esta que muitas vezes sequer é mais conquistada quando também vira rotina ou quando não há poder de compra suficiente para investir em novas atividades de lazer. Ademais, como constata a Gallup, trabalhos intelectuais, típicos de burgueses ou de pessoas que preenchem cargos de maior nível hierárquico dentro da cadeia produtiva, são os que menos enfrentam o desengajamento psicológico. Ficando evidente que há uma assimetria de poder em que os mais hierarquicamente superiores são detentores de uma maior capacidade de tomarem decisões mais relevantes que decidem os rumos dos recursos das empresas. Enquanto os mais subordinados e sem participação mais direta com as decisões referentes ao rumo dos produtos de seus trabalhos sofrem de maior desengajamento psicológico. E, mais uma vez, Marx acerta, pois esse é outro sintoma de alienação, em que o produtor não vê sua marca de realização no produto de seu trabalho, sentindo-se apenas uma engrenagem desumanizada que não toma grandes decisões quanto ao que produz. Portanto, a fim de buscar a plena realização da humanidade no intercâmbio com a natureza, Marx propõe o comunismo, uma realidade social que, possuindo imensa abundância de recursos sem precedentes, automatização plena que substitua o trabalho humano e acesso livre às atividades desejadas, as pessoas tenham uma gigantesca gama de alternativas de escolha que lhes permitam contrair relações com a natureza e com outros seres humanos e que representem em si mesmas as verdadeiras manifestações de suas vontades. Confira abaixo os resultados estatísticos referentes ao engajamento psicológico de trabalhadores nas mais diversas regiões do mundo.

Para ter acesso ao relatório acesse: https://www.gallup.com/workplace/238079/state-global-workplace-2017.aspx?utm_source=2013StateofGlobalWorkplaceReport&utm_medium=2013SOGWReportLandingPage&utm_campaign=2013StateofGlobalReport_Redirectto2017page&utm_content=download2017now_textlink

E então, anãs, será que o saco de bosta falante aguenta até dezembro?

Ou o ditado de que 'vaso ruim não quebra' também vale pra ele?

>>16181

O bozo está governando de dentro do hospital. Está assinando decretos sem ler, pois ninguém tem condições de ler e avaliar projetos de dentro de uma cama de hospital com esse estado de saúde. Está indo só na confiança.

Enquanto isso, o vice general Bundão está chupando o dedo, e os filhos do bozo não querem deixar ele assumir a presidência de jeito nenhum, por puro ciúme e bundadoída. Até o astrolavo e alguns círculos da direita agora estão com a história de que o general, na verdade, é um comunista! HUE

Estamos sendo governados por incompetentes e lunáticos. Isso não vai terminar bem.

Praticamente todo taxista ou motorista de Uber que eu pego hoje em dia, com os quais sempre puxo conversa política, assim como a maioria de meus amigos de infância de classe média, considera que o que levou o Brasil à lona é que:

1) Pagamos imposto demais;

2) Não recebemos nada em troca;

3) Porque os políticos roubam tudo.

O incrível com esse senso comum liberal que se estabeleceu para explicar a realidade brasileira é que ele é completamente falso.

1) A carga tributária brasileira é rigorosamente mediana, em cerca de 32 a 34%, é maior que a de países subdesenvolvidos, um pouco maior que a yankee e muito menor que a europeia, que varia entre 42 e 52%. "Trabalhamos quatro meses por ano para pagar impostos" diz a classe média. O europeu trabalha cinco ou seis. O problema é que praticamente só os pobres e a classe média bancam a arrecadação de impostos no Brasil. Observem que a maioria dos empresários brasileiros não são ricos, são de classe média. O rico, empregado ou rentista, cria uma empresa, coloca tudo no nome dela, não paga praticamente IR e não paga imposto sobre lucros e dividendos. Como diz a Oxfam, o Brasil é o paraíso dos super-ricos.

2) O brasileiro é regra geral uma pessoa muito pobre, que produz pouco comparado ao europeu e quer ter a saúde pública da Dinamarca. Porque não tem, reclama que não tem retorno de seus impostos. A novelização da corrupção na TV faz com que ele, muito justamente, queira a cabeça de todos os corruptos, e muito injustamente, coloque na conta deles todos os seus males. O problema é que um dinamarquês produz em média três vezes mais riqueza que um brasileiro, paga metade do que produz em impostos e eles vão todos para os serviços públicos e desenvolvimento nacional. Já o brasileiro produz 3 vezes menos riqueza, paga só um terço dela em impostos e ainda vê 51% do seu orçamento público (não 51% dos impostos, porque orçamento também tem de receita o que se pega emprestado no mercado) indo para a conta de juros e rolagem da dívida (o Brasil pagou em juros ano passado o equivalente a cerca de 22% de sua arrecadação de impostos).

Diante desse cenário o Brasil oferece a seu povo educação básica universal gratuita (péssima, mas oferece), atendimento de saúde universal gratuito (com muita coisa boa que mesmo usuários de plano de saúde vão à justiça para ter), previdência social universal, polícia militar, civil, defesa civil, exército, o judiciário mais caro do mundo, iluminação pública, universidade pública gratuita e de qualidade, e tantos mais serviços que me dá preguiça digitar. Isso com o que sobra do um terço de nossa riqueza três vezes menor, depois de pagarmos os juros mais altos do mundo. O estado brasileiro, para o que recebe e tem que sustentar de nossos milionários, entrega o impossível.

3) A corrupção é a estória da carochinha câncervadora e liberal desde antes de eu nascer. A moral dessa estória é óbvia e simples, até um leitor do Globo consegue entender: as leis são boas, a sociedade funcionaria perfeitamente se não fossem os políticos ladrões. Para começar, por definição, um agente do estado é corrompido por desviar o interesse público para o privado, dele ou de outrem. Ou seja, quem fica com a maior parte da corrupção é o poder econômico privado que corrompe o poder político, como pudemos assistir durante toda a lava-jato. Mas a corrupção, que segundo estimativas do Banco Mundial não chega a 1% de perda no nosso orçamento (eu estimo muito menos), representa no máximo, matematicamente, 1% de nossos problemas. Nosso problema são os 22% dos nossos impostos pagos em juros e os dois terços da previdência sugados pelo judiciário e super-salários de somente 2% dos segurados.

Nosso problema não é a corrupção, nosso problema é que somos um país escravagista, décimo mais desigual do mundo onde a principal função do Estado é roubar dos pobres para dar aos ricos, financiar milionários agiotas e parasitas.

Será que é possível fazer frente a tão absurda e surreal lavagem cerebral?

Não sei, só sei que qualquer campanha política ou presidencial no Brasil que não tente fazer isso não é digna, não vale a merda do fundo partidário que come.

Queiram ou não os observadores de esquerda ou de direita, a Rússia está completamente envolvida na crise venezuelana. A petroleira russa Rosneft emprestou, em 2016, 1,5 bilhão de dólares ao governo venezuelano, que ofereceu como garantia do empréstimo o controle de 49,9% da Citygo, a subsidiária da PDVSA nos Estados Unidos. Isto provocou um pequeno terremoto no mundo dos negócios petroleiros americano. Em 2016 o preço do petróleo estava a 35 dólares o barril, o que ocasionou um baque catastrófico na economia da Venezuela, que depende quase exclusivamente de suas vendas de óleo.

Assim, já que os 50,1% restantes da Citygo estavam empenhados em títulos, a Rússia passou a ser praticamente dona de uma empresa com refinarias (refina 749 mil barris por dia no Texas), gasodutos e oleodutos, dentro dos Estados Unidos, o que é um contrapeso geopolítico formidável às sanções que os americanos impuseram à economia russa. Além disso, a Rosneft adquiriu campos de petróleo na Venezuela, o que lhe confere influência sobre as exportações de petróleo venezuelano, fortalecendo sua presença até mesmo em território americano.

https://www.reuters.com/article/us-usa-oil-citgo-exclusive/exclusive-u-s-ivestors-seek-to-acquire-russias-rosneft-lien-in-citgo-idUSKCN1GA2J4

Por estas razões, um grupo de investidores buscou a ajuda de Washington para recomprar a dívida da Rosneft, para impedir, entre outras coisas, que os ativos da PDVSA nos Estados Unidos fossem confiscados pela Rússia, no caso de uma possível falência da estatal venezuelana, que se encontra muito endividada. A Rosneft se recusou a comentar a possibilidade de se desfazer da Citygo. A verdade é que a participação da Rosneft na Citygo veio inviabilizar alguma possível tentativa de sequestro da mesma judicialmente por algumas empresas que operavam na Venezuela, para reparar o prejuízo que tiveram com a nacionalização do setor por Hugo Chávez.

Diante da situação da Citygo, o referido grupo de investidores mandou um recado a Trump, de que ele tinha de tomar providências quanto ao caso, seja barrando a Rosneft como administradora da Citygo, seja passando a importar menos petróleo da Venezuela, ou então trabalhando para que um governo mais amigável viesse a se instalar na Venezuela. Parece que Trump entendeu esta última sugestão, dada a título de “contribuição da iniciativa privada para resolver um problema de política pública”, como sendo uma demanda por invasão.

https://www.counterpunch.org/2019/01/30/trumps-coup-in-venezuela-the-full-story/

Ocorre que Trump já havia elegido a futura invasão da Venezuela como um dos pontos altos de seu governo, muito antes da atual crise. Em 2017, numa reunião referida pela Associated Press, “Trump alarmava amigos e inimigos ao falar de uma ‘opção militar’ para remover Maduro do poder. Os comentários públicos foram inicialmente rejeitados nos círculos de política dos EUA… Mas pouco tempo depois, ele levantou a questão com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de acordo com [um] funcionário dos EUA. Dois altos funcionários colombianos que falaram sob condição de anonimato para evitar antagonizar Trump confirmaram o relatório.”

É claro que as petroleiras americanas não deixaram de ambicionar o petróleo da Venezuela, e a luta da Exxon para se impor sobre a exploração na zona fronteiriça litigiosa com a Guiana é prova disso. Também é claro que, além dos interesses imediatos, está o permanente desiderato imperialista de dominar as principais fontes de energia do planeta. Mas a estupidez do desejo expresso por Trump de invadir a Venezuela deixou chocado o próprio CEO da Exxon Mobil e Secretário de Estado, Rex Tillerson. Não é à toa que ele depois pediu demissão. O general Herbert MacMaster, ex-Conselheiro de Segurança Nacional, também ficou chocado com o desejo de Trump de invadir a Venezuela. https://www.apnews.com/a3309c4990ac4581834d4a654f7746ef Ambos, Tillerson e MacMaster, tentaram demovê-lo desta idéia absurda, o que, segundo o site Counterpunch, soa como irônico: Um homem do petróleo e um homem do Pentágono tentando evitar uma guerra que Trump teima em querer fazer.

>>16355

Então, embora coincida com objetivos permanentes da política de hegemonia americana, este conflito que se avizinha pode ser entendido como sendo uma guerra pessoal do presidente Trump. Podemos considerar também que pode haver certa urgência em acelerar os planos dos promotores da mudança de regime, já que o preço do petróleo se elevou a 61 dólares em Fevereiro deste ano, havendo ainda perspectiva de alta até o fim do ano. Isto está fazendo com que a Venezuela apresente um quadro de pequena recuperação, e quanto aos supermercados de Caracas, há informações de fontes diversas de que eles estão abastecidos de tudo o que haveria em qualquer supermercado americano. A oportunidade de intervenção gerada pelo desabastecimento vindo do boicote econômico e dos preços baixos do petróleo está a se desfazer para os americanos.

Entretanto, parece que, além dos assuntos do petróleo, o presidente Trump devota um ódio todo especial aos povos latinos, como atestam múltiplos exemplos. O Presidente Maduro está a repetir sistematicamente isso em todas as suas entrevistas, além de classificar Trump como um legítimo e radical supremacista branco. Para viabilizar sua guerra, Trump juntou dois dos mais paranóicos belicistas dos Estados Unidos: O ex-diretor da CIA Mike Pompeo e o “bruxo” John Bolton, Conselheiro de Segurança, um dos grandes responsáveis por levar os Estados Unidos à invasão do Iraque. Juntos, estes dois já conseguiram uma série de vitórias preliminares, como a submissão quase unânime dos governos das outras nações sul-americanas aos intentos da Casa Branca, e a adesão da maioria das nações européias às ideias neocolonianistas que este projeto de invasão vem a representar. Não haverá reação interna suficientemente poderosa para barrar esta loucura que já se instala como quase certeza? A Rússia vai ficar só protestando? Vamos ver no que tudo isso vai dar.

>>16406

Maduro está mandando a real sobre o propósito dos iaques.

Maduro jogou pesado com Bolso & Sons e não está brincando.

Além de fechar as fronteiras com o Brasil, posicionar tropas e tanques junto à barricadas e cortar a energia que enviava para cá, posicionou o sistema de mísseis russos terra- ar S-300VM a 11 km de Pacaraima ,Roraima.

Os radares do sistema são poderosíssimos e criam na prática uma área de exclusão aérea com raio de 300 km atingindo os aeroportos de Boa Vista e Manaus ( Manaus sedia a Ala 8 da base aérea da FAB de Manaus onde estão os 12 Mi-35 (também russos) os únicos helicópteros de ataque das FFAAs, além de super- tucanos de ataque ).

Significa que já paralisaram as forças da FAB e do EB incluindo o famoso batalhão de selva de Manaus que poderia ser transportado por Helicópteros da Helibrás recém incorporados).

Na prática também quase todo tráfego aéreo que sobrevoa Manaus e Bela Vista passa a ser controlado por Maduro .É uma tremenda humilhação.

O EB e a Fab já não podem se deslocar por ar sob risco de abate imediato pelos mísseis russos, que aliás subjugaram a USNavy que teve vários caças abatidos na Síria pelo mesmo sistema.

O que isto significa ? Que se houver um ataque vindo do Brasil, Colômbia ou Curaçao vai ter que ser por terra ,já que as outras fronteiras também estão com o mesmo sistema de defesa russo. Por terra os invasores, quer colombianos, brasileiros ou americanos vão ter que enfrentar o exército venezuelano e os 2.000.000 de milicianos bolivarianos espalhados pela floresta amazônica armados com fuzis kalachnikov.

É muito amargo como brasileiro ter que admitir esta humilhação internacional a que nossas FFAAs estão sendo submetidas, mas quando aceitaram respaldar este bando de psicopatas que estão no poder, também aceitaram os riscos.

Agora está explicado porque Mourão não queria que a "ajuda humanitária" dos EUA fosse enviada para Pacaraima depois do fechamento da fronteira. Ele, como antigo adido militar em Caracas junto à embaixada brasileira sabia que isto poderia ocorrer. Agora já era."

>>16422

Não vejo nada de errado com o Maduro fechando as fronteiras e retaliando.

Se os outros países querem ser capachos dos norteamericanos e invadir um país soberano para pilhar o país e roubar o ouro e o petróleo usando a desculpa esfarrapada de "ajuda humanitária" (isso depois de os EUA e da UE bloquearem os ativos da Venezuela e sabotarem a economia do país), devem sofrer as consequência disso.

Also, cheque fora o que costuma ter dentro desses pacotes de "ajuda humanitária" que os EUA enviam para a Venezuela.

>>16427

Ainda sobre a tal "ajuda humanitária", sabe quem está na jogada? É a tal da USAID, que é uma ONG de fachada criada e mantida pela CIA e pelo Departamento de Estado norteamericano.

É aquela mesma entidade que, citando um exemplo, queria moldar a educação brasileira aos gostos dos gringos na época da ditadura. O negócio pegou tão mal na época até entre os próprios milicos que eles tiveram que fazer modificações depois. Mais detalhes aqui:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_MEC-USAID

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ag%C3%AAncia_dos_Estados_Unidos_para_o_Desenvolvimento_Internacional

Tem muita coisa podre por trás dessa USAID.

>>16427

>>16428

A VITÓRIA DE MADURO FOI ESPETACULAR

Guaidó não tem apoios internos. EUA cometem erro crasso de avaliação

É PRECISO DIZER COM todas as letras: Nicolás Maduro obteve uma vitória incontestável e espetacular contra a tentativa de derrubá-lo através da entrada forçada de uma torta "ajuda humanitária", articulada pelo Departamento de Estado, com auxílio da Colômbia e do Brasil. Inquestionável e espetacular, não menos que isso.

Os Estados Unidos demoraram a encontrar uma tática para retirar Maduro do poder que fosse palatável à opinião pública global. Quando Donald Trump declarou, na ONU em 26 de setembro do ano passado, que "Todas as opções estão na mesa, todas. As mais e menos fortes. E já sabem o que quero dizer com forte", estava se referindo a uma intervenção militar direta. Mariners e boinas verdes marchariam sobre Caracas.

NÃO É FÁCIL, MESMO PARA UM IMPÉRIO, materializar uma ação desse tipo. É preciso um mínimo de consenso internacional, do suporte da maioria da opinião pública de seu país e de legitimidade dentro do país invadido. Os Estados Unidos já realizaram intervenções diretas na América Central, no Oriente Médio e na Ásia. Mas nunca na América do Sul.

Aqui valeu sempre a terceirização de ações. Ou seja, alianças com o empresariado, as forças armadas, os meios de comunicação, a Igreja católica e parcelas da opinião pública. Foi o que se viu no Brasil (1964), no Chile (1973) e na Argentina (1976).

Trump se animou ao ver a correlação de forças regional mudar em 2018, com a vitória dos direitistas Ivan Duque, na Colômbia (junho) e Jair Bostanazi, no Brasil (outubro). Não se sabia como uma iniciativa "forte" seria recebida na sociedade venezuelana. Havia - e há - forte crise econômica e dificuldades materiais pesadas para a população pobre.

AS INCERTEZAS QUANTO A APOIOS INTERNOS na Venezuela seriam assim compensados por uma sólida frente externa, que envolveria Sebastian Piñera (Chile) e Maurício Macri (Argentina). Havia dúvidas sobre a unanimidade na União Europeia, pela posição ainda equidistante de Portugal e Espanha, nos últimos meses do ano. Mas França, Inglaterra, Itália e Alemanha se somariam à articulação da Casa Branca, o que logo arrastou todo o Velho Mundo.

As articulações dentro da Venezuela se voltaram para o poder unilateralmente anulado pela Constituinte convocada por Maduro, em junho de 2017. Trata-se da Assembleia Nacional (AN), que seria o ponto de apoio de todas as movimentações sediciosas.

Em 11 de janeiro deste ano, dia seguinte à posse de Maduro, Juán Guaidó, até então um obscuro parlamentar em primeiro mandato que assumira a presidência do Legislativo, se dirigiu a um protesto em Caracas e chamou o sucessor de Chávez de "usurpador". Ato contínuo, convocou o Exército, o povo e a comunidade internacional a apoiar os esforços da AN para tirá-lo do poder. E se colocou à disposição para assumir interinamente a presidência do país.

IMEDIATAMENTE, A MÍDIA INTERNACIONAL traçou perfis para lá de favoráveis de Guaidó, que seria um líder moderno, carismático e democrático. O troféu babaovo ficou para um colunista da Folha de S. Paulo, que atentou para suas semelhanças gestuais com Barack Obama.

Foi o que bastou para cerca de 50 países - a começar por Estados Unidos e Brasil - reconhecerem Guaidó como líder de um governo de facto. Construiu-se um empate catastrófico, uma dualidade de poderes que levou a Venezuela a um impasse aparentemente insolúvel. Guaidó chegou a designar embaixadores, receber verbas internacionais e passou a ser saudado como chefe de Estado.

>>16431

MADURO RECEBEU APOIOS quando China e Rússia - além de México, Uruguai, Bolívia e outros - literalmente trancaram a rota de uma unanimidade internacional (e no Conselho de Segurança da ONU, para onde a questão ameaçou ser levada). No início de fevereiro, o secretário-geral da Organização, António Guterres, afirmou ser Maduro o presidente legítimo do país.

O DEPARTAMENTO DE ESTADO deve ter percebido que o desenho de uma intervenção direta seria extremamente arriscado diante do quadro internacional. E projetou uma solução híbrida: reforçaria os dutos de dinheiro a Guaidó, convocaria as forças armadas do Brasil e da Colômbia a participarem do show midiático marcado para 23 de janeiro, quando toneladas e toneladas de "ajuda humanitária" entrariam por bem ou por mal na Venezuela, e açulou seus mais fiéis cães de guarda, Iván Duque e Jair Bostanazi.

Deu errado.

O que falhou e como Maduro obteve sua vitória espetacular?

Algumas hipóteses:

1. JUAN GUAIDÓ MOSTROU-SE UMA FARSA. Nem mesmo o bulldozer midiático montado interna e externamente, destinado a projetá-lo como líder inconteste, conseguiu encobrir um fato. O jovem deputado representa quase ninguém. Nem nas grandes cidades e nem na fronteira houve manifestações de massa em apoio à "ajuda humanitária" ou ao suposto presidente. Guaidó falou sozinho;

2. O ERRO DE CÁLCULO DOS ESTADOS UNIDOS - e de seus serviços de espionagem e inteligência - desmoraliza toda a oposição venezuelana e leva os governos de Duque e Bostanazi a passarem um carão de dimensões planetárias. Ambos tornam-se atores nulos em qualquer mediação de gente grande no plano internacional.

3. NO CASO BRASILEIRO, o bom senso do setor militar puxou o freio de mão nos delírios napoleônicos de Jair Bostanazi - que definitivamente jamais soube o que é sombra de estratégia militar -, David Alcolumbre, Dias Tófolli e Ernesto Araújo. Esses, em reunião sábado relatada pelo Painel da FSP, defenderam quase uma nova invasão da Normandia. Hamilton Mourão, Augusto Heleno e Rodrigo Maia se colocaram contra até mesmo da presença de militares estadunidenses em solo brasileiro. Uma ação mais decidida teria de ser feita por terra, em meio a selva, e o risco de fiasco militar era enorme.

4. POR MAIS INSUFICIÊNCIAS QUE NICOLÁS MADURO APRESENTE como liderança, ele conseguiu provar que a oposição é muito pior. Seu discurso sábado em praça pública, diante de dezenas de milhares de pessoas, foi realista e sem bravatas. Evitou atacar o Brasil e centrou fogo na Colômbia e nos EUA. Quer ajuda humanitária, mas de organismos multilaterais. O restante, pagará pelo que vier, em operações comerciais normais. E deu concretude ao que Chávez e ele próprio bradam há duas décadas: o Império quer mesmo invadir a Venezuela.

5. O PRESIDENTE VENEZUELANO obteve algo raro: união nacional contra o inimigo externo. Destravou o impasse que já durava um mês. É bem provável que se convocar agora um referendo revogatório de seu mandato, será vitorioso com boa margem.

6. A CRISE ECONÔMICA NÃO FOI VENCIDA. Há uma situação emergencial, em meio ao embargo econômico que rouba recursos legítimos do país. Mas as prateleiras dos mercados estão cheias de produtos iranianos, turcos e russos. A perspectiva de superação mostra-se difícil, mas - pelos relatos de quem está em Caracas - não há um clima de desespero geral na capital, como alardeado até semanas atrás. O principal sinal é que cessaram as coberturas da mídia corporativa sobre busca insanas da população por mercadorias, a começar por papel higiênico.

7. COMO DIRIA HUGO CHÁVEZ, há uma vitória a ser comemorada, "por enquanto".

Um ponto a mais deve ser levantado. Tirando a vitória de Manuel López Obrador, no México em julho passado, a esquerda latinoamericana não tinha boa notícia assim há anos.

Não é pouca coisa, gente...