No ensino fundamental pratiquei judô tanto na escola como em academia particular. A experiência foi muito agradável, graças ao meu instrutor que era exigente mas sempre teve uma postura didática com ênfase em fair-play. Essa prática durou uns seis anos, e não me lembro porque decidi parar.
Durante o ensino médio pratiquei krav-magá por dois anos. Havia uma número igual de homens e mulheres na turma e dois instrutores, um pai e uma filha. As técnicas ensinadas são simples a teoricamente eficazes. Os exercícios para treinar respostas rápidas e manter a percepção do ambiente ao seu redor eram interessantes e (a meu ver) eficazes. Os problemas com Krav-Magá eram dois: em primeiro lugar, como há muito menos instrutores e escolas do que as outras artes marciais (ou sistemas de combate, ou chame do que quiser) a oferta é restrita, e portanto o preço é grande comparado com o de outras práticas. O outro problema que achei foi a falta de sparring, i.e., a luta real com um oponente que resiste. Os treinos eram bem estruturados, mas nada te prepara para um confronto real como uma luta contra um oponente que resiste. No fim das contas não me arrependo de ter estudado, mas deveria ter desistido depois de ter aprendido as técnicas básicas e desenvolvido a mentalidade de luta necessária.
Por fim, após o ensino médio treinei boxe por dois ou três meses. Gostei muito. É aquela história de "leva uma hora para aprender e uma vida para dominar." Parei por causa de problemas de saúde, mas gostaria de ter continuado. Por haver um número menor de técnicas do que a maioria das artes marciais de pé, você consegue aprender todas relativamente rápido, e logo se tornam automáticas. O principal para mim foi o fato de ter sparring. Nada como levar um soco na cara pela primeira vez para você entender a diferença entre teoria e prática. Nada como perceber que levar um soco na cara não é o fim do mundo e que você consegue continuar de pé para lhe dar confiança. Comentei com meu instrutor que como o número de alunas era bem menor do que de alunos, nós tínhamos uma seleção de oponentes para sparring mais restrita, o que limita nosso desenvolvimento. Seu instrutor e preferência pessoal vão determinar se você pode lutar contra homens, não em competição (claro) mas para prática.
Escolhi boxe ao invés de muay-thai porque só de pensar em dar um chute de canela com canela me da um mal-estar. Não fiz jiu-jitsu porque queria uma luta de pé, mas continuei considerando a possibilidade até que tive que parar.
Artes marciais são uma maneira interessante de fazer exercício, servem para desenvolver a confiança, e lhe permitem a defesa pessoal em certas situações. Tendo dito isso, leve em consideração a possibilidade de lesões, e os efeitos que competição profissional pode ter na sua aparência (veja o que aconteceu com a cara do Mickey Rourke). Em relação à defesa pessoal, percepção aguçada e constante e uso do bom-senso para evitar situações de risco são infinitamente mais úteis do que se preparar para lutar contra um cara que pode estar armado e/ou ser muito maior que você.