Anã médica aqui. Segue meu relato pessoal com antidepressivos e alguns aconselhamentos que posso lhe dar em virtude da minha profissão.
>7 anos atrás
>depressão por uma caralhada de problemas pessoais
>vou no psiquiatra e começo AD, além de me forçar a ignorar pensamentos negativos, autodepreciativos e catastróficos
>melhora total da depressão em algum tempo
>não termino tratamento então a ansiedade continua e pensamentos obsessivos surgem vez ou outra
>sigo a vida normalmente
>ano passado
>um milhão de problemas pessoais iniciam ao mesmo tempo
>ignoro todos e sigo normalmente até começar a ter crises de ansiedade e pânico
>acredito que as crises de pânico (que eram desencadeadas por pensamentos obsessivos hipocondríacos) na verdade significavam que eu estava com uma doença terminal/grave (câncer, esclerose múltipla, miastenia gravis, guillain-barré, tudo o que você imaginar)
>procuro um bilhão de médicos para achar alguma disfunção orgânica para explicar achados benignos que eu encontrava no meu corpo
>armo piti em todos as PAs da minha cidade achando que estava prestes a morrer se alguém não me entubasse no mesmo exato segundo que eu chegasse lá
>uma amiga, que fez tratamento para síndrome do pânico, pergunta se, na verdade, não estou tendo crises de pânico e confundindo com outra coisa
>aceito que tenho crises de pânico mas não deixo de acreditar que existe uma "doença real" pronta para me deixar acamada pelo resto da vida
>procuro uma psiquiatra
>conto para ela que procurei tratamento pois estava tendo crises de pânico, mas ela me incentiva a falar mais sobre tudo o que estava acontecendo
>converso bastante com ela sobre tudo e ela me ajuda a enxergar cada uma das associações errôneas que eu andava fazendo em relação ao meu corpo (por exemplo, achar um linfonodo que não existia antes não é sinal de câncer, câimbra muscular e fraqueza depois de correr não é sinal de miastenia gravis)
>inicio um antidepressivo recaptador seletivo de serotonina e um benzodiazepínico para períodos de crises de ansiedade ou pânico
>saio de lá com 100% de certeza de que não melhoraria e continuaria tendo 9 crises de pânico por dia e que isso só terminaria quando eu descobrisse que, na verdade, tudo é resultado de um tumor metastático no meu cérebro
>vida segue a mesma por mais ou menos um mês, já que entrei com dose crescente em gotas do AD para não ter efeitos colaterais, mas que é ineficaz, então acredito que o tratamento não funciona e eu estou, deveras, com HIV/doença de lyme/chagas/leucemia
>alcanço dose máxima e 2 meses se passam
>nunca mais tive nem sequer um ataque de pânico, medos irracionais de morte iminente quase desaparecem por completo, fobia social que eu ignorei por completo durante toda a minha vida simplesmente desapareceu, durmo feito um anjo, não acredito mais que tenho qualquer doença que eu esteja estudando no momento
MInhaa miga, se eu soubesse que seria assim... Perdi 5 anos da minha vida me recusando a ir procurar um psiquiatra porque sempre achava que estava bem, sempre achava que tudo iria passar, que era só emagrecer, que era só colocar roupas melhores que eu me sentiria melhor comigo mesma... Você não faz ideia quanto tempo eu fiquei mentindo para mim mesma que eu não tinha uma doença psiquiátrica. Eu precisei surtar e viver num constante estado de despersonalização para, finalmente, procurar a ajuda correta. E eu sou médica. Eu deveria ter sido capaz de entender o que estava acontecendo e o que deveria fazer, mas eu sempre acreditava na possibilidade mais catastrófica.
(conitnua no próximo post porque eu escrevi muita coisa)